O Brasil se prepara para um marco na sua história espacial com o primeiro lançamento comercial de foguete a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. O veículo, chamado Hanbit-Nano, pertence à startup sul-coreana Innospace e tem decolagem prevista para esta quarta-feira, 17 de dezembro, no âmbito da Operação Spaceward, conduzida pela Força Aérea Brasileira (FAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB).
O lançamento, que mobiliza mais de 400 profissionais brasileiros e 60 sul-coreanos, representa a entrada oficial do país no mercado global de serviços de lançamentos.
O projeto é considerado um marco científico e tecnológico para o Brasil, abrindo novas oportunidades de investimento no setor.
Três minutos para entrar em órbita
O foguete Hanbit-Nano tem 21 metros de altura, o que equivale a um prédio de sete andares, e pesa 20 toneladas. De acordo com o repórter Giba Smaniotto, de São Paulo, o lançamento será extremamente rápido.
“É preciso ser muito rápido para se desprender da gravidade terrestre. Do solo, até sair da atmosfera e entrar em órbita, vai levar apenas três minutos”, explica o jornalista, ressaltando a velocidade do veículo.
O foguete deve atingir 30 mil quilômetros por hora durante o lançamento, uma velocidade 30 vezes superior à de um avião comercial. A previsão é que o veículo permaneça no espaço entre três e cinco anos.
Carga e experimentos científicos do Hanbit-Nano
O foguete transportará cinco satélites e três dispositivos com experimentos tecnológicos. O objetivo da missão é auxiliar em pesquisas, estudos e testes em órbita, incluindo projetos de inteligência artificial e dados ambientais.
Entre os equipamentos a bordo está um satélite da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que tem como missão receber informações e coletar dados sobre as queimadas no estado.
Pedro Pallotta, especialista em Astronáutica, destacou a importância do projeto da UFMA, chamado Jussara-K.
O satélite Jussara-K e outros dispositivos a bordo vão focar em testes de inteligência artificial em órbita e na coleta de dados ambientais, marcando a relevância desses estudos para o desenvolvimento da indústria espacial nacional.
Segurança e preparativos em Alcântara
A última tentativa de lançar um foguete brasileiro a partir de Alcântara terminou em desastre em 2003, quando uma explosão dias antes da decolagem matou 21 técnicos e engenheiros. Desta vez, a segurança e os ajustes foram prioridade máxima.
A repórter Ingrid Sousa, que acompanha os preparativos diretamente da base no Maranhão, informou que o projeto envolveu uma série de ajustes e testes na Coreia do Sul antes de o veículo ser enviado ao Brasil.
O Comando da Aeronáutica, que conduz a Operação Spaceward, realizou uma coletiva de imprensa no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para apresentar os detalhes da missão.
Durante a coletiva, os responsáveis pela missão explicaram que foram realizadas duas qualificações de voo na Coreia do Sul, e o veículo foi considerado pronto. “Após o teste, entenderam que o veículo está pronto para voar”, relataram.
Mesmo assim, há janelas de adiamento em caso de detecção de falhas ou condições climáticas desfavoráveis. O Comando da Aeronáutica assegura que, se o tempo não ajudar nesta quarta-feira, o lançamento será adiado em alguns dias.
A missão marca um novo momento para o Programa Espacial Brasileiro (PEB). A Força Aérea apresentou também a Empresa de Projetos Aeroespaciais do Brasil (ALADA), que deve atuar como catalisadora do programa, facilitando interações empresariais e promovendo a geração de negócios no setor espacial.