Os golpes aplicados por telefone têm se intensificado no Brasil, com técnicas cada vez mais avançadas, incluindo o uso de Inteligência Artificial (IA). De acordo com o indicador de tentativas de fraude da Serasa, a incidência é de uma ocorrência a cada 2,3 segundos. O ritmo dos ataques tem se intensificado nos últimos meses , e três a cada quatro brasileiros já sofreram pelo menos uma tentativa de golpe por telefone.
Os estelionatários têm utilizado IA para tornar o contato quase idêntico ao de uma instituição financeira, por exemplo. Segundo a Serasa, o fundo musical, o mecanismo de abordagem e a organização das falas seguem o mesmo padrão da instituição.
Para identificar e evitar o golpe, a principal recomendação da Serasa é nunca compartilhar informações pessoais por telefone.
Aumento de ataques contra idosos
As investidas dos golpistas contra idosos cresceram 16% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Foram registradas 192 tentativas de fraude por hora. Por estarem mais distantes do mundo digital, os idosos acabam se tornando um alvo mais fácil para os criminosos.
Em um caso relatado, um professor conta que, mesmo orientado, seu pai de 83 anos já caiu em uma série de golpes, o mais recente de um criminoso que se dizia funcionário do INSS.
"Ele recebeu uma ligação onde tinha que fazer comprovação de vida pelo celular e ele foi cedendo".
O idoso foi levado a fazer biometria facial pelo celular. Quando o filho escutou o pai conversando com o golpista, percebeu que a fraude já estava em andamento.
"Quando eu peguei o celular eu vi aquele oval de captação de imagem e em cima tava escrito pix".
O filho relata que o estelionatário já havia acessado o telefone da vítima de forma remota. O golpista havia conseguido travar os botões físicos do aparelho e alegou ao idoso que estava enviando um software. O criminoso também conseguiu movimentar R$ 6.500 da conta do idoso e, em tom de escárnio, disse ao filho da vítima: "vc já era, já rapei toda a conta do seu pai, vc dançou".
Como evitar ser vítima
Os golpistas estão avançando nas táticas para tentar enganar as vítimas. Muitas chamadas indesejadas aparecem como "suspeita de spam", o que faz com que a ligação seja evitada. Contudo, os criminosos estão dando um passo à frente e ligando de números que estão salvos na agenda da vítima, fazendo o contato parecer confiável.
A Serasa alerta que o consumidor deve desconfiar de todo acionamento proativo vindo de um banco. É preferível que a pessoa derrube a ligação e entre em contato com o gerente para confirmar se alguma coisa precisa ser feita.
O banco não entra em contato pedindo que o cliente acesse um link, realize um processo em que informe seus dados, faça biometria facial ou informe login e senha em hipótese alguma. Além disso, a Serasa recomenda não acreditar no senso de urgência ou ser motivado por pressão, como ameaças de que o CPF está envolvido em uma ação judicial, pois "não é dessa forma que funciona".
A região Sudeste liderou o ranking da última pesquisa da Serasa, registrando mais de 3 dos quase 7 milhões de ataques no primeiro semestre deste ano. Só no estado de São Paulo, foram quase 2 milhões de tentativas de fraude.