
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso está no centro de uma investigação da Polícia Federal sobre venda de sentenças. Nesta quinta-feira (29), mais um juiz foi afastado do cargo.
A investigação aponta que o juiz Ivan Lúcio Amarante, que atua no interior do Mato Grosso, recebeu cerca de R$ 1 milhão em propina do advogado Roberto Zampieri, morto a tiros em 2023 dentro do carro, em frente a seu escritório em Cuiabá. No celular de Zampieri, a polícia encontrou mensagens que comprovariam o esquema.
“O teor das conversas indicaram o possível recebimento de valores por intermédio de terceiros notadamente R$ 750 mil transferidos para sua esposa e R$ 208 mil recebidos de sua ex-esposa através de empresas de fachada no ramo de transporte”, declarou Mauro Campbell, ministro corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Segundo a investigação, a propina era paga por empresários e advogados, e repassada a juízes e desembargadores para comprar sentenças. Outros dois desembargadores também estão afastados desde o ano passado.
Sebastião de Moraes e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, estão usando tornozeleira eletrônica. Eles negam participação no esquema, assim como o juiz Ivan Amarante.
Autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a ação que afastou o juiz é um desdobramento da operação que prendeu cinco pessoas nesta quarta-feira, suspeitas de participação na morte do advogado Zampieri e de integrar um grupo de assassinos por encomenda. Uma tabela com valores para cada tipo de execução de acordo com o alvo, como ministros do supremo.
Na decisão, Zanin citou a letalidade potencial da organização e a elevada capacidade operacional. Entre os presos estão um coronel e um sargento da reserva do Exército.