
Há quase 15 anos trabalhando como motorista de ônibus na mesma empresa, o homem que foi mantido refém por um ex-funcionário na zona leste de São Paulo afirmou, com exclusividade ao Brasil Urgente, que nunca imaginou passar por isso. Foram mais de 3 horas com uma faca na cintura.
“O meu medo era ele ficar muito nervoso e acabar fazendo alguma coisa..”, disse a vítima.
Repórter: Como é que o senhor está agora?
Motorista: Estou bem, só com um pouco de dor de cabeça porque minha pressão subiu... um pouco assustado porque não é fácil ficar com um cidadão com um facão ao lado.. mas estou bem.
Ele já tinha acabado a jornada de trabalho, mas decidiu fazer hora extra para complementar a renda e dirigia o ônibus que faz a linha Barro Branco, próximo à estação Guilhermina Esperança do metrô. Foi no meio do trajeto que tudo começou.
De acordo com o motorista, o sequestrador subiu no ônibus quando ele parou em um ponto. Eram por volta das 17h. O homem ficou andando de um lado para o outro. Cerca de 20 minutos depois, ele foi até a vítima e mostrou o facão.
“Como eu já tive assaltos na linha, fiquei desconfiado, pensei que fossem assalto, mas...pode fazer o que? Nada né?”, disse o motorista.
A vítima relata como foi a abordagem do ex-funcionário da empresa de ônibus.
“Ele chegou, puxou esse facão e encostou do meu lado e falou não quero nada com você, só quero provar minha dignidade”, relatou.
O homem passou a ditar o trajeto que o motorista deveria fazer. Até então, mais ninguém tinha percebido o que estava acontecendo.
“Como eu entrei sentido contrário, os passageiros começaram a reclamar. Ele ficou agressivo, os passageiros notaram e começaram a se desesperar”, disse.
De acordo com o motorista, havia cerca de sete pessoas dentro do ônibus. Assim que ele parou no semáforo, os passageiros tentaram descer.
“O que que eles fizeram? Quebraram o vidro. Começaram a forçar a porta para descer”, disse.
Quando chegou na Avenida Radial Leste, em frente ao Metrô Itaquera, o motorista foi obrigado a deixar o ônibus atravessado na pista. O cobrador do veículo, então, conseguiu descer e chamou a polícia.
“Em momento nenhum eu abri a boca, só num momento falei ‘é pior para você fazer uma coisa dessas’”, disse a vítima.
O trabalhador conta como foi o início das negociações para que ele fosse solto, e mesmo sendo atendido, o homem demorou a ceder ao comando da polícia.
“Ele tremia muito.. esse era meu medo, porque tinha muita polícia... e ele ficava com o facão ali... ele poderia me machucar... Ele ficou em pé comigo, jogou no meio do corredor o facão, quando ele me soltou eu saí correndo”, afirmou o motorista.
Repórter: Como é que foi o momento em que o senhor encontrou com a sua família?
Motorista: Eu fiquei com medo da minha mulher, porque se ela tivesse visto, ela tinha invadido o ônibus... passado a barreira dos policiais.
A esposa estava trabalhando e só soube depois. Um dos filhos chegou de moto no local no momento em que o motorista estava sendo libertado. Já a filha soube da notícia pela televisão e acompanhou, agoniada, toda a programação ao vivo.