
Após uma crise de ansiedade e a suspeita de um princípio de infarto, o técnico Tite decidiu encerrar a negociação com o Corinthians e anunciou nesta terça-feira (22) uma pausa na carreira para cuidar da saúde física e mental.
Segundo o jornalista João Paulo Capellanes, do Jogo Aberto, apesar do mal-estar, Tite não foi encaminhado a um hospital porque a família, mesmo assustada, considerou que não seria necessário. Ainda durante a manhã, o técnico se recuperou.
Para Marco Aurélio Cunha, comentarista do Jogo Aberto, Tite pode ter negado a volta para o Corinthians pelo nível de cobrança e pressão psicológica. "Pode-se até pensar que são bem remunerados, estão com a ‘vida feita’, mas só quem passa por esse processo de sucesso, fracasso, fritura, más palavras, sabe o quanto isso pesa no ser humano", avaliou.
A piora no estado de saúde mental de Tite acende um alerta em como a relação com o trabalho e as pressões profissionais podem causar crises de ansiedade e até sintomas físicos de infartos. Para a psicóloga do Grupo Reinserir Natália Silva, as causas para a crise de Tite podem estar relacionadas com a expectativa da volta dele ao Corinthians.
"Uma demanda intensa de trabalho, em um time tão grande, algo que vai centralizar a vida dele e vai fazer com que ele não olhe para outras áreas tão importantes. O próprio Corinthians, que é um time grande, tem toda uma expectativa com um novo técnico. Essa pressão, espera, dessa atuação perante esse time, é algo que pode contribuir", avalia.
Para o psicanalista Gabriel Hirata, uma crise como a de Tite pode ter causas diversas, mas a demanda de trabalho favorecem a piora da saúde mental. "Isso favorece a negligência ou até a exclusão das relações pessoais que não estão na esfera do trabalho, e por isso, pode causar crises de ansiedade", diz.
A psicóloga Brunna Dolgosky afirma que a crise pode ser uma desorganização ante a algo novo e com altas expectativas. “A mente fica projetando cenários futuros, se cobrando, antecipando julgamentos, tentando dar conta de tudo ao mesmo tempo. E aí, o corpo começa a gritar”, diz.