Eles estão tomando conta das redes sociais e viraram tema de discussão: os vídeos de “mamães” cuidando de bebês reborn – bonecos com pintura e modelagem hiper-realistas. Para o psiquiatra Marcos Lacerda, embora muitas pessoas questionem a saúde mental das mulheres adeptas da “brincadeira”, isso não necessariamente é sintoma de um sofrimento psíquico.
“Não podemos nunca no comportamento humano generalizar e dar apenas uma única explicação. Podem ter pessoas curando um luto, que nunca puderam ter um bebê, que estão curando feridas, mas não necessariamente. Isso pode ser apenas uma forma de brincar”, disse o especialista ao Bora Brasil nesta quarta-feira (7).
“O que me chama atenção é a reação da sociedade. A maioria das pessoas que criam ou colecionam bebês reborn são mulheres. Será que causaria o mesmo estranhamento essa forma de afeto se fosse masculino? Vejo homens apaixonados por carros, que gostam mais do carro que da esposa, e ninguém diz que não está certo ou que isso prejudica ele psicologicamente. Há outros fascinados por ‘Star Wars’ que brincam com bonecos. Acho apenas que as mulheres estão se permitindo viver outra coisa”, completou.
"Me incomoda tornar patologia um fenômeno que não é patológico. Pode ter uma ou outra pessoa extrema. Agora, rotular mulheres que gostam de bebê reborn de doentes, loucas, histéricas, não."
Bebês reborn na área da saúde
Além das brincadeiras, os bebês reborn têm sido usados por alguns profissionais de saúde que preparam futuros pais e mães para a chegada de seus filhos, ensinando, por exemplo, a dar banho e carregar um recém-nascido da maneira mais adequada. É o caso da enfermeira obstetra Karen Marchesan.
“Na prática, como enfermeira obstetra, percebi que muitos pais tinham dificuldade com os cuidados. Fazer esses cuidados com um boneco que não é reborn fica muito fora da realidade. Com eles, a gente consegue uma experiência mais realista e sensorial. Dar banho em um bebê reborn não é fácil, ele escorrega como um recém-nascido”, explicou ao Bora Brasil.