
O assassinato do delator do PCC em novembro de 2024 chocou o país. No desembarque do aeroporto internacional de Guarulhos, criminosos saem de um carro preto e disparam quase 30 vezes para matar Vinicius Gritzbach.
Meses de investigação após a morte do empresário, uma trama se desenrolou apontando para o envolvimento de policiais e criminosos na morte do empresário. Uma operação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) colocou mais de 100 policiais civis nas ruas de São Paulo para cumprir 21 mandados de busca e apreensão.

Ao todo foram presos 26 suspeitos por ligação com o crime e com o empresário. Entre eles, policiais militares e civis. Mas uma pergunta ficava latente ainda: Quem mandou matar Vinicius Gritzbach?
Para a polícia Civil de São Paulo, Emílio de Carlos Gongorra Castilho, conhecido como Cigarreiro, é o mandante do crime. Cigarreiro é um conhecido traficante de drogas do bairro do Tatuapé, área nobre da Zona Leste da capital. Com ligações com o PCC, de São Paulo, Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, ambos do Rio de Janeiro, o possível mandante teria sido o responsável pelo sequestro de Gritzbach em 2022.
Segundo a polícia, naquela ocasião, Gritzbach foi levado ao “tribunal do crime”, onde seria executado, mas prometeu devolver os R$ 300 milhões investidos em criptomoedas e imóveis pela facção paulista. Só que ele não cumpriu a promessa. Ao contrário, denunciou os envolvidos no sequestro e ameaças de morte. Cigarreira estava entre eles.
Mas o paradeiro de Cigarreiro segue um mistério! A investigação acredita que ele pode ter deixado o país, mas também há a hipótese de que Cigarreira esteja abrigado por traficantes no Rio de Janeiro, onde nasceu e mantinha negociatas com drogas e armas, segundo informou a Polícia Civil.
MPSP denuncia três PMs e outros três por envolvimento na morte de delator do PCC
O Ministério Público de São Paulo apresentou uma denúncia contra três policiais militares e outras três pessoas por envolvimento na morte de Vinícius Gritzbach. Foram denunciados os policiais militares Denis Antônio Martins, Ruan Silva Rodrigues e Fernando Genauro da Silva. Além dos integrantes do PCC Kauê do Amaral Coelho (Jub), Diego dos Santos Amaral (Didi) e Emílio Carlos Gongorra Castilho (Cigarreira).

Os envolvidos foram denunciados por homicídio qualificado, com qualificadoras por motivo torpe, emprego de arma de fogo e emboscada. O MPSP também pediu pagamento de reparação por dano moral coletivo e dano social em valor não inferior a R$ 1 milhão para cada denunciado, como também indenização para sobreviventes e para famílias enlutadas.
Relembre o caso
O empresário Vinícius Gritzbach foi executado ao sair do Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro de 2024. A ação, com pelo menos 30 tiros, feriu outras duas pessoas e terminou também com a morte de um motorista, ferido pelos tiros efetuados pelos executores.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC, Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Na denúncia, o MPSP diz que o empresário mantinha negócios na área de bitcoins e criptomoedas.
Ele também seria parte do setor de lavagem de dinheiro do PCC, segundo investigações do Ministério Público de São Paulo. O MPSP afirmou Vinícius teria ajudado a colocar no mercado formal até R$ 2 bilhões de empresários ligados ao PCC.
Os matadores de aluguel, de acordo com a investigação da força tarefa são policiais militares, sendo um soldado e um cabo. Ao volante está um tenente. Os três - Denis Antônio Martins, Ruan Silva Rodrigues e Fernando Genauro da Silva - estão presos.

Outros três seguem foragidos. ‘Didi’, do PCC, recebeu a missão de eliminar Gritzbach e foi quem preparou todo o plano. O primo dele recebeu a missão de olheiro e indicou o momento do desembarque do alvo.
A ordem para o crime, ainda segundo a força tarefa, partiu de um traficante ligado ao PCC, conhecido como ‘Cigarreira’. Ele estava entre os criminosos que sequestraram Vinicius Gritzbach em janeiro de 2022 e formaram um tribunal do crime para executar o empresário apontado pela morte de Anselmo Cara Preta.
Gritzbach enganou o tribunal do crime prometendo devolver uma fortuna que se aproximava de meio bilhão de reais e desde então estava jurado de morte. A investigação do homicídio está encerrada, mas a delação de Vinícius Gritzbach ainda deve colocar muita gente na cadeia/ por corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, além de organização criminosa.